O 2020 foi um ano verdadeiramente negro. O covid-19 veio mudar por completo a nossa rotina e alguns casos alterar as nossas vidas. Espero que tenhamos aprendido muito com toda esta situação.
Em termos de corrida, foi um cancelar de provas e por aquilo que estou a ver no primeiro semestre de 2021 não vamos ter lá muitas provas e mesmo que as haja acho que não me vou sentir seguro a 100% para participar (se elas tiverem o mesmo número de participantes que tinham antes).
Mas nem tudo foi mau neste 2020! Com o covid e o isolamento forçado de Março fez com que alterasse os meus hábitos (como expliquei neste post ). E estava tudo a correr bem até ao final do mês de Novembro (mas já la chego).
O strava informou-me, por este dias, que em 2020 tive 103 dias activos. Não é mau para o corredor medíocre como eu. Fiz o verdadeiro esforço para me levantar cedo, correr mais vezes durante a semana. Já estava a variar o tipo de treinos que fazia (até já tinha feito o teste dos 3000m). E pensava eu que conseguiria ter mais uns quantos dias activo, até estava inscrito na São Silvestre de Lisboa e pensava em correr os meus 5k no último dia do ano (e claro correr no dia 01/01 os primeiros 5k do ano).
Mas no final de Novembro/inicio de Dezembro em 3 corridas básicas comecei a sentir dor no joelho direito, o que me levou ao médico fisiatra! E o diagnóstico foi rápido: Síndrome da banda iliotibial! Fisioterapia e nada de correr até ordens em contrario.
2020 acaba já hoje! Que o 2021 seja um ano com saúde,muita saúde, porque é com ela que podemos fazer todo o restante. Em 2021 (depois de tratada a minha lesão) tenho que escolher uma prova alvo. Como faço 42 anos em Maio talvez uma maratona?! Ou é muito cliché? Hoje enquanto espero pela meia noite penso nisso!
Agora corro pela fresquinha! Mas não é fácil conciliar a vida profissional, familiar e a corrida, muito menos quando se tem uma filha de 17 meses!
Viver em Fafe e trabalhar em Gondomar não torna fácil encaixar a corrida. As viagens de casa – trabalho e vice-versa são demoradas e perco muito tempo. Depois o pouco tempo que passo em casa são dedicados à miúda (e para dar uma folga à mãe que bem merece!). Assim só me restava a solução de correr logo de manhã.
Eu sempre fui daqueles que disse que correr de manhã não era para mim, que as manhãs eram para dormir, e mais uma serie de desculpas! Mas a realidade é que eu só corro de manhã! 06h da manhã e toca o despertador, 06h10 estou a sair porta fora para fazer os meus 05km.
Enquanto foi verão a coisa foi pacífica, o sol já estava a nascer, a temperatura era amena, não chovia! Agora com a entrada do outono as coisas mudaram! Às 06h é noite cerrada (até já dei uso ao meu frontal), está mais frio e já apanhei um dia em que estava a chuviscar! Acho que aqui começa o verdadeiro desafio, correr com frio e com chuva! Nesses dias o quentinho da cama vai chamar e nessa altura vou ver se sou verdadeiramente forte.
O objectivo definido são 3 corridas por semana! Nada ambicioso e perfeitamente atingível.
A 16 Março a minha vida teve uma paragem bruta! Deixei de sair de casa para ir para o trabalho, deixei de sair casa para ir correr, deixei simplesmente de sair de casa! E essa situação durou quase até ao final de Abril. E aí pelo meio tive um teste ao COVID-19 (que deu negativo!).
Com o sedentarismo, forçado, podem pensar que houve aumento de peso. Mas na realidade não houve. Houve até o começo de diminuição! E isso conteceu por uma série de motivos.
Refeições em casa: todas as refeições passaram a ser feitas em casa e confeccionadas com cuidado e atenção;
Alimentação da filhota: nesta altura a miúda estava a iniciar a alimentação sólida, assim andávamos a variar o mais possível a alimentação dela. Fazendo sempre o intercalar da proteína. Ela intercalava e nós também! Este ponto complementa o ponto anterior;
Jejum Intermitente: sei que este ponto pode não ser consensual entre todos, mas adoptei o jejum intermitente. Janelas de 16/8 (16 horas sem ingestão de qualquer alimento e 8 horas em que há liberdade de alimentação). Quando passamos tantas horas em casa não vi a necessidade de tomar o pequeno-almoço e simplesmente comecei a saltar essa refeição. Assim ficava desde o jantar até ao almoço só com líquidos. Perfeitamente exequível
No final de Abril, e com o melhorar da situação, comecei a sair de casa para dar umas corridas à volta o prédio! Nada de especial! Mas estava de novo a correr! Não consegui fazer os desafios de correr dentro de casa! O apartamento é pequeno!
Com a volta das corridas, apareceram as corridas virtuais. E isso foi um grande desafio. Participei numa serie delas deste Abril até Julho, como podem verificar na aba lateral. As corridas que mais participei foram as corridas organizadas pelo Maratona Clube de Portugal e que deram direito a uma medalha!
Com o chegar de Maio, voltou a rotina de ir para o trabalho. E com a velha rotina comecei uma rotina nova: a marmita. Confesso que nunca fui adepto da marmita. Sempre gostei de sair do escritório e ir almoçar, sempre me permitiu desanuviar um pouco do trabalho. Mas nesta nova rotina saio do escritório e vou almoçar sempre para um sitio. Na falta de um jardim ou um espaço amplo arborizado em Gondomar o “meu” sitio, neste momento, é no Monte Crasto.
E no meio disto tudo, estou muito mais leve e a fazer as minhas corridas logo de manhã cedo!
O que está a faltar são as provas! Já as há! Mas está a faltar a confiança e o sentido de segurança para participar nelas!
Cada vez vejo mais pessoal a ficar “mordido pelo bichinho” do Trail Running.
O trail tem cada vez mais praticantes, mas mesmo assim lá de vez em quando vem a pergunta: “Tu fazes trail?! Porquê?
Estas são as minhas razões para praticar e gostar de trail!
Combate a monotonia Alguns desportos são fontes de monotonia! O trail é tudo menos monótono! Durante uma corrida/treino de trail as possibilidade infinitas. Tu podes correr todos os dias do ano sem precisar de passar no mesmo local duas vezes. Novas paisagens, novos desafios. Basta apenas ter um pouco de espírito aventureiro!
Aventura O Trail é um desporto curioso e aventureiro. A descoberta é a essência do desporto. Quantas vezes não seguistes um caminho desconhecido para ver onde ia ter? Isso acontece comigo! E muitas vezes encontramos no meio do nada, em lugares desconhecidos, maravilhas da natureza. Posso afirmar que um praticante de trail nunca se perde, ele descobre!
O relógio pouco importa Quer em treinos ou corridas, para a maioria dos corredores de trail, o cronómetro pouco interessa. Quantos de nós podemos reivindicar um PR ou um pódio? Poucos! Eu falo por mim! O importante é terminar, divertir-me e no final sentir aquela sensação de superação do desafio! Primeiro ou último pouco importa! Além disso, conhecem mais algum desporto em que os outros participantes perguntem se está está tudo bem e param para ajudar? Perder tempo para ajudar um colega em apuros não é um problema.
Adapta-se à tua agenda Tens uma hora? Não é problema! Uns 5 quilómetros curtos chegam. Meio dia livre? Uma bela excursão de 4-5 horas no monte preencherá perfeitamente as tuas necessidades. O Trail é um desporto à la carte. Muito ou pouco tempo, tu poderás negociar facilmente a duração da tua corrida!
Trabalha o corpo inteiro Sim, como correr em geral, os membros mais “sacrificados” são as pernas. Mas a prática do Trail não para por aí. Subidas e descidas acentuadas, caminhos técnicos exigem muito do abdómen e da lombar. Acrescentar, a isso, o uso de bastões e todo o corpo está em funcionamento.
Novas amizades Porque correr durante várias horas, inegavelmente te empurra, uma vez ou outra, para conversar com seus companheiros de corrida. Sente-te livre para conversar com essas pessoas! Talvez, uma delas, se possa tornar num dos teus melhores amigos. E o mais certo será reencontrar algum deles em outros trails. E depois há os grupos de trail. Cada vez é mais habitual ver nos trails, inúmeros, atletas com t-shirt de grupos de corrida. Juntar-se a um irá ter muitos benéficos para a sua vida social.
Um desporto gourmet Quem nunca participou num trail em que os abastecimentos pareciam verdadeiros banquetes? Mesas com natas, bolas de berlim, pães com chouriço, bifanas, presunto, enchidos… Todas as calorias perdidas nos trilhos são logo recuperadas no final! A verdade é que este tipo de trail estão a desaparecer! Mas de longe a longe ainda aparece um assim!
Beber cervejas Existe melhor razão do que beber umas cervejas no final da prova/treino? Não! É uma quase um ritual! Beber uma cerveja e conversar com os colegas de trilhos sobre as aventuras e desventuras do dia!
Viajar pelo pais/mundo MIUT, Azores Trail Run, Abutres, UTMB, Transgrancanaria,… Como todos os desportos, o trail já abrange os quatro cantos do nosso país e do planeta. Mas, ao contrário de outros, tu tens acesso a ele! És livre de correr qualquer uma destas corridas, claro que a inscrição em algumas é bastante difícil!
Espero que essas razões te façam querer experimentar, se ainda não o fez, ou continuar se já tiveres sido “mordido”!
A Barkey Marathons foi cancelada. Mais uma vitima da COVID-19.
The 2020 Barkley Marathons has been canceled. #BM100— Keith (@keithdunn) March 16, 2020
O evento, que tem lugar no Frozen Head State Park no Tennesse (USA), requer uma endurance de ultrarunning, a capacidade mental de orientação e a resiliência para uma interminável “caça ao tesouro”. Os corredores devem completar 5 voltas de 32km coleccionado paginas de 14 livros escondidos no percurso. E isto tudo feito em menos de 60 horas. Agora temos que estar atentos se outros eventos, tal como a Western States Endurance Run e o UTMB também vão ser afectados pelo COVID-19
Sierre-Zinal (09 de Agosto 2020) uma das mais famosas provas de trail do mundo e por boas razões, a prova inclui passagem por vilas dos alpes, pastagens de montanha e vistas de cortar a respiração na maior parte da prova. Chamada de “corrida dos cinco picos de 4000 metros” os corredores veêm os cinco mais famosos picos dos Alpes, incluindo o Matterhorn (Monte Cervino). 31km com 2200 metros de ganho de elevação
Gran Trail Courmayeur (10-12 de Julho 2020) Courmayeur fica localizado na base do Mont Blanc e é a cidade mais “alta” de Itália. 3 distâncias: 100km (7900m D+) + 55km (3800m D+) + 30km (2000m D+)
Swiss Peaks Trail (30 de Agosto a 06 de Setembro 2020) Tem lugar em Bouveret, no cantão de Valais e nas margens do lago Geneva. Estão disponíveis 5 distâncias: 360km (25200mD+) + 170km (10580m D+) + 90km (6140m D+) + 42km (2250m D+) + 21.2km (1230m D+)
177 K Carnica Ultra Trail (29 de Julho a 02 de Agosto 2020) O trail tem lugar no norte de Itália, perto da fronteira com a Áustria. Segue o caminho da Traversata Carnica ou karnishe Hohenweg, que começa em San Candido e acaba em Tarvisio. A prova tem uma distancia de 193km e um total de 11.460m de D+ acumulado. É feita em 4 etapas com um máximo de 12 horas por etapa e no final de cada etapa os corredores ficam em acampamentos montados pela organização. Etapa 1: San Candido -> Val Visdende – 46km (2989m D+) Etapa 2: Val Visdende -> Collina di Forni Avoltri – 41km ( 2557m D+) Etapa 3: Collina di Forni Avoltri -> Passo Pramollo – 56km (3633m D+) Etapa 4: Passo Pramollo -> Tarvisio – 50 km (2283m D+) A prova não tem uma vertente competitiva e o valor das inscrições é doado a uma instituição de caridade.
A Decathlon mudou a designação do seu segmento de Trail Running. De kalenji (que é a marca dedicada à corrida) passa para Evadict (evasão+adição). Nesta nova marca vão encontrar exclusivamente produtos destinados ao Trail Running. Este processo está enquadrado numa estratégia da @decathlon em segmentar as modalidades por marcas e cumpre o objetivo de disponibilizar as melhores soluções para todos os amantes do trail running, qualquer que seja o seu nível.
04h30 da manhã toca o despertador. Está na hora! São 2 horas de viagem equero chegar a Miranda do Corvo antes da confusão para estacionar o carro elevantar o dorsal.
Cafezinho rápido na área de serviço de Antuã, que parece ser o ponto deparagem dos participantes do Abutres que vêm do norte.
Com a chegada a Miranda estacionei mesmo ao lado do Mercado Municipal (centro nevrálgico da prova). Levantar o Kit demorou um pouco mais porque me esqueci do número do meu dorsal. Depois de uma pequena pesquisa no site da prova lá encontrei: Dorsal 2569!
Tempo de me preparar e para aquecer um pouco. O tempo estava uma maravilha, não seria necessário levar o casaco impermeável. Bastava uma camisola térmica e uma t-shirt. Agora restava ver em que condições estavam os trilhos. Na véspera tinham-se realizado os Ultra Trilhos do Abutres (UTA) e o Trilhos do Abutres (TA), choveu e estiveram muitos atletas a correr nos trilhos. De certeza que a lama iria ser mais que muita!
Quando me dirigia para a partida e para o controlo zero (havia material obrigatório: manta de sobrevivência e telemóvel totalmente carregado) o director de prova falou de alterações ao percurso, que eu não ouvi mas que vou sentir nas pernas mais tarde.
Dada a partida demos umas voltas pelo centro da Vila, subimos à Igreja matriz e descemos para entrar nuns passadiços que ladeiam o Rio Alheda. Rumamos depois para o parque Biológico da Serra da Lousã. Passagem rápida e até ao primeiro abastecimento ira ser terreno bastante rolante, que nem sempre foi porque em algumas secções engarrafava (single tracks e muito pessoal não combinam!)
Ao km 7,5 não apareceu o primeiro abastecimento (alterações que avisaram e eu não ouvi!!). O primeiro abastecimento só iria aparecer na Capela da Senhora da Piedade de Tábuas (quase km 10).
Entretanto passa por mim a Ester Alves, que na véspera tinha ficado em6º lugar feminino do UTA55 e estava a fazer o treino de recuperação. Duaspalavrinhas com ela e seguimos caminho!
No abastecimento da capela da Senhora da Piedade de Tábuas foi só enchero flask, comer um bocado de laranja e 2 bocadinhos de banana, coloco um gel nabolsa e siga! (nunca mais me lembrei que tinha esse gel na bolsa e fez-me muitafalta!). E logo à minha frente tinhas as famosas escadas.
Daí até ao Km 12.5 ia ser duro e técnico (íamos subir dos 234 metros de altitude até aos 730 metros). E logo no inicio tínhamos zonas com correntes presas às pedras para nos agarrarmos. Em algumas zonas parecíamos “cabras”. As minhas pernas sentiram muito essa subida (aqui senti a minha falta de preparação). Mas devo dizer que passei por zonas incríveis.
Com a descida para Gondramaz recuperei algum tempo. No abastecimento perdi pouco tempo (encher flask e comer 2 bocados de banana). Daqui para a frente começava mais uma parte super divertida. Single tracks, cascatas de agua e muitas cordas para passarmos de um sitio para o outro.
E aqui tivemos a lama, que tornava tudo muito mais perigoso! Vi algumas quedas, mas nada com importância! A mim também me calhou uma. Km 14 escorrego e vou de cu ao chão. Outro participante, que vinha atrás de mim, ainda tentou segurar-me mas não consegui e acabou por se magoar num dedo da mão esquerda (na meta encontrei-o a sair da assistência médica com gelo no dedo). Mas a lama pior estava destinada para a zona de Espinho. Aí ela estava em todo o sitio. Chegou uma altura que preferi correr dentro de uma levada, feita de uma meia cana de cimento, do que correr na lama.
Quando entrei em Miranda o meu GPS já marcava 21km e até à meta marcaria 22,14km. Foram uns kms finais difíceis, as pernas doíam bastante! Mas a meta estava próxima, e lá apareceu um restinho de força e logo apareceu o mercado municipal e ao ver o pórtico da meta dos abutres fez-me esquecer as dores de pernas e apenas apreciar o momento.
Acabei o MTA em 03h36m e tive direito ao meu prémio finisher!
A Serra da Lousã foi tudo o que esperavas? Sim! Bonita, dura e técnica! Adorei o Mini Trilhos do Abutres? Sim! Tive dores nos dias seguintes? Sim! Voltavas a fazê-lo? Onde me inscrevo?!
A vontade de fazer o Trilhos dos Abutres sempre foi muita! Por um motivo ou outro nunca o fiz (e já tive a oportunidade de efectivar a minha inscrição por duas vezes!). Mas este ano estava tudo certo! Abriram as inscrições, para a distância que não faz parte das taças ou campeonatos de Portugal de trail, e eu tratei de assegurar uma vaga nos 21k. E pensei – “tenho tempo para me preparar e não sofrer muito no dia!”. Mas desde que a minha miúda nasceu não tem sido fácil conciliar o trabalho e a vida familiar com uma bebé. Os treinos têm sido poucos e com quilometragem baixa e os meus quilos sempre a subir! Para terem a ideia, o melhor mês que tive de corrida foi Setembro, onde meti na cabeça a ideia que conseguia correr todos dias durante 30 minutos, e quase o consegui! Fiz 21 dias seguidos (mas isso é outra história). Desde que fiz a inscrição para os abutres o máximo que fiz de km seguidos foram 15km, no trail da chafarica, no inicio de Dezembro e no final de Dezembro os 10km da S. Silvestre do Porto. E então o que vou em fazer para Miranda do Corvo dia 02/02? Não sei!! Só sei que vou e que o tempo limite para completar os 21k são 05 horas. Vou correr devagar, devagarinho porque no final os músculos vão doer! Vou aproveitar para tirar muita fotos para colocar no meu Relive!